terça-feira, 30 de março de 2010

Papel e Caneta


Minha aula está só no começo e eu não consigo me concentrar. Tudo que eu ouço é "controle de constitucionalidade, blá, blá, blá, whiskas sachet" e tudo que eu penso é como é um saco não usar mais papel e caneta (no meu caso, lapiseira) para fazer as anotações da aula; e mais: como é ruim não usar mais papel e caneta para escrever al all.
Isso é decorrência do avanço tecnológico e da diminuição do nosso tempo, mas em muita coisa continuo old school. Nessa matéria, continuo só no saudosismo mesmo.
Não me atrevo mais a escrever nada à mão, pois inevitavelmente terei de passar para o computador e se eu precisar atualizar alguma coisa será possível. Diferentemente das minhas pilhas de cadernos que não posso atualizar e nem levar no bolso (no meu pen drive).
Aliás, minha vida hoje é o meu pen drive. Meu pen drive está para mim como o anel estava para Frodo, o hobbit. A diferença é que no final o Frodo se livrou do anel e eu arrumei um segundo pen drive...
Também vejo-me com sonhos absolutamente estranhos, como ter todos os meus livros e materiais digitalizados em PDF, ávida por acabar com todo papel à minha volta. Mas... pensando bem... melhor que cheiro de livro novo só cheiro de carro novo! E como é prazeroso empunhar um livro. Como será não mais cortar os dedos com as folhas de papel daquele Xerox?
Sem mencionar que ler tudo na tela do computador é enfadonho pra caramba. É preciso se condicionar para fazer isso! Sou expert nessa arte por necessidade, contudo sempre que posso fujo disso.
Do que não há como escapar mesmo é da falta de privacidade. Aposto que nesse exato momento há alguém prestando atenção no que estou escrevendo e tenho certeza absoluta que se eu fizer qualquer coisa errada ou moralmente reprovável algum mal intencionado estará a postos com seu celular para gravar tudo e mandar, sei lá, pro youtube ou pra RPC.
Putz, ainda bem que comprei livros de Constitucional, pois se dependesse da aula de hoje eu estava perdida. Não que ela esteja ruim, com certeza não está, tendo em vista que o professor é excelente. Sou eu mesma que não estou com um pingo de paciência.
Estou com fome, com sono e tudo que eu queria agora era um pedaço de papel para rabiscar e escrever o que me desse vontade.

domingo, 28 de março de 2010

Going nuts


Putz, achei que depois que eu criasse o blog ia escrever adoidado, mas já fazia um tempão que eu não postava nada. Na verdade, não porque não tive vontade de escrever, mas porque a vontade não foi suficiente.
Estou escrevendo porque estou com saudades do meu psicólogo. É ridículo, mas é verdade. É tão verdade que estou a ponto de voltar a escrever diários. Mas penso em como isso seria arriscado nos dias de hoje, por uma série de motivos: (1) não sei escrever diários sem ser absolutamente sincera e omitir qualquer detalhe que seja; (2) não posso mais culpar a adolescência pelas imbecilidades que passam na minha cabeça caso alguém o leia; (3) a quantidade e a qualidade dos absurdos que me ocorrem, se viessem a público, arruinariam a minha vida; (4) tenho pavor mortal de que meu marido leia o que eu escrevo; etc., etc., etc...
Por outro lado, como já falei no meu primeiro post, com o blog eu não tenho esses problemas, pois sabendo que ele é público, tento não me expor além da conta, mantenho a compostura e tenho a certeza absoluta que meu marido não vai ler (não porque ele não sabe da existência do blog, mas porque ele não se interessaria mesmo). Mas o “desabafo” fica pela metade, isto é, nem pela metade, pois sei que na realidade isso não vai resolver nada. E é justamente por isso que sinto saudades do psicólogo.
Para o psicólogo você pode falar tudo, tudinho. E é extremamente reconfortante saber que ele não pode contar nada para ninguém. É ótimo contar as coisas para um outsider, com quem você não precisa conviver após a verborragia insandecida. No começo dá vergonha de contar algumas coisas, mas depois você relaxa e solta o verbo, mesmo que você mesmo sinta uma vergonha horrorosa do que está falando. Puxa, como estou precisando disso!
Alguém pode dizer “procura um amigo”. Olha, amo meus amigos, mas existe um limite na intimidade que creio ser intransponível. Se alguém tem um amigo com o qual pode falar sobre qualquer, qualquer coisa mesmo, eu acho demais, muito legal mesmo, mas comigo não rola. Meus melhores amigos são meus pais, meu irmão, meu marido, mas quando chega em um nível em que simplesmente não posso conversar com eles, é aí que entra o psicólogo.
O único problema do psicólogo é que temos que pagá-lo. E no momento não estou em condições porque, let’s face it, é muito caro. Bom, vale cada centavo, mas inda assim não descaracteriza o fato de ser muito caro.
Desta feita, cá estou eu escrevendo essas baboseiras no blog. Graças a Deus tenho muita preguiça de levantar da cama de madrugada em dias de crise, pois se fosse para o computador certamente já teria enviado milhares de e-mails infinitamente embaraçosos dos quais eu me arrependeria para o resto da vida. Sei bem como isso funciona, tendo em vista que não foi há muito tempo que abandonei essa prática nada saudável.
Acabei de pensar que deveria canalizar tudo isso para escrever a maldita monografia da pós que está atrasada. Ou investir no meu projeto de ler a Constituição Federal inteira em 5 dias. Talvez seja uma boa ainda não ter engravidado, ando meio estranha nas últimas semanas.
Bom, chega disso. Na verdade escrever tudo isso não ajudou em nada. Estou achando que vou ter que incluir o psicólogo novamente no orçamento e na agenda.